14 de jan. de 2015

Daniel José Dias Auer: O ciclista sem mãos

Antes de mais nada, dê amor a sua vida. Se você reclama dela, pare, reflita e faça o que te dê prazer.

Faça como nosso amigo Daniel José Dias Auer, que fez de sua deficiência...seu maior motivo pra continuar vivendo.
Recentemente tive o prazer de conversar com ele, após ele ter postado as fotos abaixo em um grupo destinado a fãs de Super Nintendo. Isso chamou muito a minha atenção e fez com que eu resolvesse postar isso e mostrar a todos que... a deficiência esta na alma das pessoas e não no corpo dos valentes.
Abaixo temos algumas fotos dele jogando um Super Nintendo...e em seguida a linda historia desse grande cara. Apreciem!







CONHEÇA A HISTÓRIA DE DANIEL JOSÉ DIAS AUER E REVERENCIE!

"Nasci em 18 de junho de 1974, na cidade paranaense de Ponta Grossa. Sou deficiente físico, não tenho as duas mãos devido ao talidomida, um medicamento criado em 1954 na Alemanha e comercializado no Brasil na década de 1970. Esse medicamento era receitado pelos médicos para evitar enjoos em gestantes e também como sedativo, e foi isso que aconteceu com a minha mãe quando engravidou de mim. Hoje, o talidomida é indicado para o tratamento de doenças como a Aids, lúpus e doenças degenerativas. Por causar a deformidade de várias crianças nascidas naquela época, inclusive eu, o medicamento foi proibido no Brasil para mulheres em idade fértil.



Desde pequeno, sou amante de esportes, principalmente do ciclismo. Jamais fui tratado como “coitadinho” pela minha família; muito pelo contrário, sempre me incentivaram a realizar minhas próprias tarefas e, com isso, aprendi a me virar sozinho e fazer de tudo sem depender dos outros – claro que com certas dificuldades.

Em todos os aniversários e nas festas de final de ano, eu implorava para minha mãe me dar de presente uma bicicleta. Mas devido à superproteção dela, sempre pensando no meu bem-estar, ela procurou me distanciar desse sonho de criança, mesmo com grande aperto no coração. Até meu irmão ficou frustrado, porque se ele ganhasse uma bicicleta eu também teria direito, então, a cada ano que se passava, sempre havia uma boa desculpa para nós não ganharmos nossas bikes.



Mas na época de molecagem, tempo em que eu morava em Osasco-SP, adorava correr ao lado dos meus amiguinhos que tinham bicicleta, tentando sentir a emoção de como seria estar sentado sobre uma bicicleta, pedalando e sentindo o vento no rosto. Em um belo dia, aos 12 anos, brincando pelas ruas e andando por toda a parte, encontrei uma bicicleta jogada em um terreno baldio. Ela estava bem velha, suja, enferrujada, sem pneus e com as rodas tortas. E o pior de tudo: sem freios.

Esse foi um grande dia para mim. Meu presente estava ali, havia caído do céu. Fui todo sorridente para casa empurrando a bicicleta, mesmo com meus amigos tirando sarro. “Você vai levar esse lixo para casa, Daniel?”, eles diziam. Cheguei em casa e minha mãe quase caiu de costas quando viu aquilo. Mesmo assim, essa bike foi o que bastou para, enfim, aprender a pedalar, lógico, depois de muita persistência e inúmeros tombos.

Só aos 33 anos de idade, quando trabalhava em uma Associação de Esportes para Deficientes, consegui comprar a minha própria bicicleta. Fiz algumas adaptações nela para se adequar às minhas necessidades. Também tive que aprender a fazer a manutenção na bicicleta, como regular marchas, freios e trocar pneus, pois quando saio sozinho fazer viagens pequenas ou treinos, acontecem imprevistos e preciso me virar. Portanto, sempre levo na mochila minhas ferramentas para não ficar na estrada.



Após comprar minha bicicleta e aprender a me virar, em 2007, realizei um grande sonho: fazer uma viagem de 350 km de bicicleta, saindo de Ponta Grossa – PR com destino a Itajaí – SC. A viagem durou cinco dias, passando por Curitiba e Campo Largo, no Paraná, e Joinville e Barra Velha, em Santa Catarina. Quando cheguei em Itajaí fui recebido pelo prefeito e a banda da cidade. Realizei uma palestra para centenas de pessoas que ali estavam aguardando minha chegada e até ganhei uma bike de presente do prefeito.

Essa viagem foi de grande importância, pois consegui transmitir uma energia boa por onde passava. As pessoas queriam me conhecer e tirar fotos quando eu chegava nos restaurantes, postos e lanchonetes. Elas queriam ver a adaptação que fiz na bicicleta e tinha até quem pedia para dar uma volta nela. Os jornais locais também publicaram sobre a viagem. Consegui transformar olhares de compaixão em olhares de admiração.



Atualmente, sou convidado para ministrar palestras de motivação em escolas, universidades e empresas. Sinto-me um herói ao perceber o carinho com que sou tratado em todos os lugares que frequento, principalmente pelas crianças. Também sinto-me feliz ao lembrar de como minha mãe ficava orgulhosa de mim, fazendo questão de contar da minha façanha para os parentes e amigos. Infelizmente, ela faleceu devido a um câncer, em 2008. Em homenagem a ela, Valderez Dias Auer, realizei uma nova viagem com uma quilometragem bem maior: 822 km. Foram 12 dias pedalando até São Paulo. Agora estou me preparando para um terceiro projeto que será subir a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, com altitude de quase 1.500 metros e 20 km só subindo. Meu objetivo é mostrar à população em geral os benefícios do uso da bicicleta.

Eu faço a minha parte por não poluir o mundo e também por manter minha saúde através de uma atividade física. Além disso, espero que esse exemplo de superação, partindo de um deficiente, ajude a desmistificar qualquer preconceito e mostrar que não existem barreiras quando se tem um objetivo."


Para contratar a palestra motivacional de Daniel, em qualquer lugar do Brasil:

Tel: (42) 3323 8788 / Tim: (42) 9983 8788


Depoimento retirado da Revista Bicicleta
Publicação autorizada por Daniel José Dias Auer

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